A inadimplência continua a crescer de forma preocupante no Brasil, refletindo uma combinação de fatores econômicos e sociais que pressionam o orçamento das famílias. Com uma inflação que impacta diretamente o custo de vida e uma taxa de desemprego que deve subir nos próximos anos, muitos brasileiros enfrentam dificuldades para honrar seus compromissos financeiros. Isso é o que mostra o levantamento da plataforma Pagou Fácil, da Paschoalotto.
Em 2024, o índice de inadimplência na população adulta alcançou 44,87%, com o valor médio das dívidas superando o salário mínimo. Esse cenário desafia empresas e instituições financeiras a repensarem suas abordagens para a recuperação de crédito, especialmente diante do aumento das dívidas relacionadas a bens de consumo e serviços essenciais, como água, luz e gás, que ocupam uma parcela crescente da renda dos consumidores.
A análise apresentada pela Paschoalotto revela não apenas os principais fatores dessa crise de crédito, mas também aponta para tendências de digitalização que vêm transformando a forma como brasileiros renegociam suas dívidas.
"Estamos atravessando um período desafiador para a saúde financeira das famílias brasileiras, onde a pressão econômica e o aumento do custo de vida dificultam o cumprimento de compromissos financeiros essenciais," afirma Diego Martins Mosquim, diretor de Planejamento e Qualidade da Paschoalotto. "
O estado do Amapá lidera o índice de inadimplência, com 60,89%, enquanto o Piauí possui o menor percentual, com 35,15%. O valor médio das dívidas dos brasileiros alcançou "R$ 1.468,43, ultrapassando o salário mínimo atual de R$ 1.412", refletindo um aumento de 3,97% no endividamento em comparação a 2023.
A análise por gênero e faixa etária revela uma distribuição equilibrada, com 50,4% dos inadimplentes sendo mulheres e 49,6% homens". Em comparação ao ano anterior, houve um crescimento de 1,89% no número de inadimplentes, totalizando 72,64 milhões de pessoas em setembro de 2024", um aumento em relação aos 71,23 milhões de 2023.
Principais causas da inadimplência
O levantamento identifica as principais fontes de dívida: 28,03% correspondem a bancos e cartões de crédito, 21,77% a serviços essenciais (água, luz e gás), 17,51% a serviços diversos e 10,83% a financeiras. Esses segmentos representam o maior volume de inadimplência e destacam a necessidade de educação financeira para prevenir o acúmulo de dívidas.
Impacto das apostas esportivas (Bets) na economia
O relatório ressalta os efeitos das plataformas de apostas esportivas, que geraram um prejuízo de R$ 117 bilhões ao comércio brasileiro entre junho de 2023 e junho de 2024, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Esse montante representa 0,62% do PIB e 0,95% do consumo total, com um gasto de R$ 68 bilhões no setor. Adicionalmente, observou-se que aproximadamente 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões para apostas via Pix, o que corresponde a 20% do valor do programa social.
Análise das dívidas por segmento e valor médio
Em 2024, o valor médio das dívidas com garantia aumentou para R$ 1.775, em comparação com R$ 1.621 em 2023, enquanto dívidas sem garantia, como cartões de crédito, diminuíram para R$ 270, em comparação com R$ 281 no ano anterior. No total, o valor médio das dívidas registrou um aumento de 8,73% entre janeiro e setembro de 2024, destacando a alta persistente no valor devido pela população.
Digitalização no mercado de crédito
A Paschoalotto observou um avanço significativo na digitalização das negociações de dívida, que "passaram de 20,5% em 2023 para 28,4% em 2024". O uso crescente de canais digitais, que agora representam 28% dos pagamentos negociados, sinaliza uma tendência de consolidação do atendimento remoto para consumidores inadimplentes, oferecendo praticidade e velocidade na resolução de pendências financeiras.
"Estar atento às tendências e mudanças do setor é essencial para o sucesso no mercado de recuperação de crédito.", afirma Diego Martins Mosquim, diretor de Planejamento e Qualidade da Paschoalotto. "Nosso objetivo com essa análise é oferecer um panorama claro sobre a inadimplência no Brasil, auxiliando empresas e instituições a entenderem esse cenário e a desenvolverem estratégias mais eficazes para apoiar consumidores e estabilizar o mercado, finaliza Mosquim.
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